sábado, 25 de junho de 2011

inerte

este poderia ser um pedido de desculpas. poderia ser um dia a menos nas nossas vidas. poderia ser uma folha seca no jardim, ou um pedaço de papel com palavras excretas. mas não devo satisfações a ninguém, nem sequer a mim mesmo. talvez deva alguns centavos, uma cerveja, um sorriso, alguns cigarros. mas nada requer sentimentalismo. estou tentando aprender a viver sozinho por isso. e se chegar um dia lá, vivo, sem ferimentos, deixarei meu sangue escorrer, em forma de agradecimento. não sei a quem, mas devo. preciso. agradecer por errar, já que "acertar" não consta no meu histórico vital. já não vejo mais cores, e ainda nem escureceu. a verdade é que olho pro céu, agora cinza, e me pergunto onde estão. eles mesmos. porque até agora ninguém bateu na porta ou sequer tocou a campainha. continuo esperando por uma voz que irá silenciar toda essa dor e me tirará daqui enquanto tento distinguir passageiro de duradouro.

quarta-feira, 30 de março de 2011

pois é

menos vida e mais atenção, menos pressa e mais fixação. você não pergunta mais como eu estou mas eu respondo a mim mesmo quem eu sou: ninguém. mas, também, quem eu seria? sem você, haveria? é a vida. já não bate mais como um bumbo, já não corre mais num limbo. no que nos tornamos? pra que tantos ramos? pra que indiferença se existe a certeza? mas você nem tentou. ah!, só isso que restou? pena. pra quem um dia disse tê-la, não se saiu tão mal. só esqueceu de colher o tal. mas nessa jangada estamos, nós, juntos, novamente. não me olhe agora, estou ocupado fazendo rimas de amor pra um futuro penhor que está por vir.

sexta-feira, 4 de março de 2011

do lado de dentro

interrompido por um sonho, como numa conexão falha. nada é bom o bastante pra te motivar e fazer andar, novamente. um caminho longo e árduo, como as piores espécies de pesadelos. te fazem parar. bajulam tua vontade infinita, proíbem tua entrada para falsos verbetes: "felicidade" atônita. tempo preciso e grotesco, grita teu nome e te faz gritar implorando que deixes esta vida carcomida. sabe que pode melhorar, progredir, e explodir. berrante é o ócio que domina os desejos, te consome ao ponto de te fazer ficar. e desistir. torna-se recessivo e inábil, insuficiente, inapto a continuar. quando os entorpecentes já não o tiravam do sério, a fadiga tomava conta de seu corpo mas os olhos não se fechavam para o sono continuo. a falta de vontade presente no ar invadia seus pulmões, era contagioso. já não era mais doença a partir do momento em que virou hábito. só queria descansar, talvez para sempre de modo que nunca mais voltasse para a realidade. a carência e solidão preenchiam o vazio em seu peito. a sede de interação secava sua garganta. a saída do constante sofrimento estava lacrada. não era pra ser assim.

azedume

eu odeio saber que você entrou na minha vida e mesmo eu pedindo, implorando e as vezes até mandando, você não saiu. eu odeio saber que poderia ter aproveitado minha vida sem ter chorado, sofrido, brigado, me machucado. eu só quis um tempo para estabelecer regras a mim mesmo. foi melhor assim, é claro que foi. mas poderia ter sido diferente. agora é impossível olhar pra trás sem lembrar-me do passado. e que passado! por que? só quis sentir um pouco daquela utopia que o pessoal chama de felicidade. se é que pode sentir isso por alguns momentos.