sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

NOW

se um minuto perdido pudesse talvez ser convertido no ano em que o conheci
maravilhas perdidas não encontrarei aqui
então, corro
falo que estou a caminho quando na verdade, inerte, decido meu rumo
estranho tantos murmúrios em cima de um pedestal
procuro sangue, mas só encontro apitos
que insistem em gritar e berrar e transformar todo meu encéfalo em gosma
tiro meus dedos do telefone para evitar perjúrio
então, corro
a escuridão cobre minha face
todos choram à ausência
reclamo o que é por direito meu
e fundo, encontro o que não deu
não aconteceu
passado, presente, futuro num só
a cápsula de tudo, envolta por silicone, na sola do meu tênis
é hora de pisar.

domingo, 8 de setembro de 2013

que há de si

murmúrios, os vejo tanto
as brumas, de branco, nada
só queria
ti
pra me agarrar
e encontrar de novo
tudo que é
de mar


domingo, 28 de abril de 2013

beforeafter


eu senti há muito tempo, sempre tão real... de fibra em fibra largada pelo chão, subtraindo durante os meses. era pouco para o que estava dentro. 
enfim a natureza resolveu cooperar. nunca foi de grande ajuda, mas por chegar, assim, inquietamente, percebi que não seria fugaz. 
parte de mim dizia que o tempo era só uma brincadeira. a outra... nunca pude ouvi-la. aquela que se coloca por trás das coisas e espera que você a encontre. digo isso por experiência própria.
A ANATOMIA DO SONHO.
 palavras da insônia.
 fome de não saber o que dizer, o que pensar, aonde ir, a quem recorrer, filhos do chão, abertura para nada, fábrica do vazio.
VAMOS, diga-me: de que é feito o inimaginável? 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

00h21

são apenas reflexos.
reflexos de uma memória turva e vazia
vazia e cheia de memórias.
e de memórias vazias, cheias de memórias.
medo, escuridão, solidão e solitude.
santos são aqueles que apagados ainda encontram suas linhas
e delas tiram suas curvas
e das curvas tiram memórias
e memórias.
pequenos desvios de água
grandes devaneios de cargas negativas
sons
medos
memórias

sábado, 25 de junho de 2011

inerte

este poderia ser um pedido de desculpas. poderia ser um dia a menos nas nossas vidas. poderia ser uma folha seca no jardim, ou um pedaço de papel com palavras excretas. mas não devo satisfações a ninguém, nem sequer a mim mesmo. talvez deva alguns centavos, uma cerveja, um sorriso, alguns cigarros. mas nada requer sentimentalismo. estou tentando aprender a viver sozinho por isso. e se chegar um dia lá, vivo, sem ferimentos, deixarei meu sangue escorrer, em forma de agradecimento. não sei a quem, mas devo. preciso. agradecer por errar, já que "acertar" não consta no meu histórico vital. já não vejo mais cores, e ainda nem escureceu. a verdade é que olho pro céu, agora cinza, e me pergunto onde estão. eles mesmos. porque até agora ninguém bateu na porta ou sequer tocou a campainha. continuo esperando por uma voz que irá silenciar toda essa dor e me tirará daqui enquanto tento distinguir passageiro de duradouro.

quarta-feira, 30 de março de 2011

pois é

menos vida e mais atenção, menos pressa e mais fixação. você não pergunta mais como eu estou mas eu respondo a mim mesmo quem eu sou: ninguém. mas, também, quem eu seria? sem você, haveria? é a vida. já não bate mais como um bumbo, já não corre mais num limbo. no que nos tornamos? pra que tantos ramos? pra que indiferença se existe a certeza? mas você nem tentou. ah!, só isso que restou? pena. pra quem um dia disse tê-la, não se saiu tão mal. só esqueceu de colher o tal. mas nessa jangada estamos, nós, juntos, novamente. não me olhe agora, estou ocupado fazendo rimas de amor pra um futuro penhor que está por vir.

sexta-feira, 4 de março de 2011

do lado de dentro

interrompido por um sonho, como numa conexão falha. nada é bom o bastante pra te motivar e fazer andar, novamente. um caminho longo e árduo, como as piores espécies de pesadelos. te fazem parar. bajulam tua vontade infinita, proíbem tua entrada para falsos verbetes: "felicidade" atônita. tempo preciso e grotesco, grita teu nome e te faz gritar implorando que deixes esta vida carcomida. sabe que pode melhorar, progredir, e explodir. berrante é o ócio que domina os desejos, te consome ao ponto de te fazer ficar. e desistir. torna-se recessivo e inábil, insuficiente, inapto a continuar. quando os entorpecentes já não o tiravam do sério, a fadiga tomava conta de seu corpo mas os olhos não se fechavam para o sono continuo. a falta de vontade presente no ar invadia seus pulmões, era contagioso. já não era mais doença a partir do momento em que virou hábito. só queria descansar, talvez para sempre de modo que nunca mais voltasse para a realidade. a carência e solidão preenchiam o vazio em seu peito. a sede de interação secava sua garganta. a saída do constante sofrimento estava lacrada. não era pra ser assim.